quinta-feira, 8 de abril de 2010

Not guilty

(Ouvi dizer!)
Escapavam-se as sombras nas paredes. Nem um relance de luz fazia prever que nada fosse acontecer. E mesmo no escuro, ela sentia que num carrossel rodava todo o seu corpo, e o cérebro se deslocava de lugar. Segurava na cabeça para que este não tentasse fugir, e deitada no escuro tentava lembrar-se quantas garrafas tinham ido com a noite. Recordava-as vazias, no chão morto, e pensava quantas seriam. Mas até as recordações lhe rondavam a cabeça como crianças e sem pararem quietas insistiam em não se deixarem contar. Uma. Uma tinha sido de certeza. Pelo hábito. Duas. Só para nao deixar a outra sozinha. Três, visto que odiava números pares. (Muito monotonia. Muita normalidade. )Uma luz acendia-se. Alguém entra no quarto e reclama o que é seu por direito. Entorpecida pelas companheiras vazias, deixava-se cair em múrmurios vagos de o que seriam palavras de negação num mundo sem álcool. Devagar, levanta-se, vendo o outro corpo esperando, qual predador, pelo momento de atacar. Dirigia-se para a porta murmurando algo como : " Sai me da frente." Repetia se. E gritava "SAI ME DA FRENTE CARALHO". E dava-lhe um estalo. O impulso porque que este esperava. Impulsos de homens de cabelos dourados. Depressa atacava com as suas trezentas mãos sedentas de carne e reclamava o corpo dela como seu. Beijava-lhe o pescoço, trincava-o sofregamente, mais como uma refeiçao que como um aperitivo para o que se iria suceder e deixava -a sentir que tinha perdido o controlo. Contra uma, duas, tres paredes, rebolava sentindo as suas mãos libertarem-lhe também os próprios movimentos, a mente, e o fecho das calças. Psicadelicamente, sentia as luzes do tecto enunciarem-lhe uma trip alcoólica indesejável. Apagava a luz com um pé, erguendo o corpo com o impulso das suas costas e caindo ao seu colo, com a força de o atirar ao chão e ficava agora por cima. Com a astúcia de um felino, identificando a escuridão como o seu lar, ela prendia-lhe as mãos por cima do corpo, e descendia no seu corpo horizontal e fatal. Sentia lhe o V em que o vértice era o seu terceiro membro inferior, e beijava-o sem sequer pensar em ser meiga. As suas mãos caiam-lhe de tras da cabeça e pegavam agora na dela, incitando a que descesse um pouco mais. Usava os dentes. Não permitia que o seu controle lhe fosse retirado pelo seu próprio objecto de desejo. Abria-lhe o botao das calças com os dentes, e controlava-lhe as maos com as suas, entrelaçando os dedos com os seus. Vislumbrava-se ao longe um vale bem mais permitido do que o faziam crer. Abrindo a boca deixou os ensinamentos para trás e seguiu o instinto. Uma vez satisfeita, engoliu. E sentiu o corpo ser impulsionado para debaixo do dele, sem qualquer tipo de licenças ou permissões. Penetrou a, invadindo o já descoberto, mas sempre pronto a ser saciado. E num impulso, ergueu-a no seu colo, e contra a parede que estava acima das suas cabeças, atirou a, ficando com o seu corpo, segurando lhe o desejo, e o corpo. Nao existia gravidade que deixasse cair os corpos ou os membros. Ela erguia os braços, e alternando tocava lhe nas nadegas, sentindo a pressao que fazia com o seu oposto. Beijava suavemente, e mordia o o lábio inferior para que ficasse marcado até ao dia seguinte. E nos proximos. Quando terminou, pegou a ao colo suavemente e pousou a na cama, exausta. Deitou se ao seu lado. Ela de lado, encaixava perfeitamente no corpo deste que ficando por trás, dava asas a mais. Segurando no seu peito com a sua mão direita, apertava-o e deixava o terceiro membro invadi la sem pudores e sem taboos. Beijava lhe as costas. Como adorava as suas costas. E dizia o seu nome, como um murmurio sagrado. No fim, deixava todos os membros descansarem, deixando os labios pousados nas suas costas, provocando a ela os maiores e mais pequenos espasmos do climax. Cansado, dizia lhe baixinho, sem que a impedisse de sonhar " descansa, amanha é outro dia".
Esperou que ele adormecesse. Levantou-se retirando a mao dele, do seu peito e desencaixando se lentamente da posiçao feita para durar até de manha. Vestiu as calças, a blusa e o casaco.
Á porta do quarto, jaziam as culpadas garrafas. Uma, duas,... Apenas duas? Perguntava á amiga vodka como se declarava apos o sucedido. Esta respondia lhe, sorrindo ao descaramento, "Not guilty!".
Era uma Vodka e um maço de Camel.
Rotinas de um espirito pecador.