segunda-feira, 31 de maio de 2010

Um shot de mediocridade


É suposto termos dúvidas.
Circunstanciais ou não, as dúvidas na juventude, fazem-nos reais. É o que mais nos caracteriza. Ninguém quer realmente saber do que fazemos, do que queremos, do que vivemos. Impõem-nos metas. Concretizam-nas? Não? É uma pena. A vossa utilidade fica por aqui. O vosso futuro manchado.
Falta personalidade á juventude. Falta a garra, falta o carisma, a audácia de dizer que não e ser creditado por isso. Já ninguém o faz. Os velhos do passado tornaram-nos rebeldes por sabermos pensar, desrespeituosos por termos opinião propria, feios por não sermos como eles.
A cliché diferença de que tanto se fala no nosso quotidiano é uma mentira que nos tentam incutir no nosso pequeno cérebro influenciável para que acreditemos que somos inferiores, que somos menos que os mais velhos. Os mais velhos são menores, são mais prepotentes, mais radicais, mais preconceituosos e mais pragmáticos.
Não tenciono tirar o curso ao Domingo e acabar em ministra, gerir uma autarquia com o 9º ano de escolaridade, abrir um cabeleireiro para meia dúzia de idosas onde um preto entra e chamam a policia. Foi-nos incutida a necessidade de termos medo, de absorvermos o medo, de sentirmos o medo! "Filha, nao vás para ali que é só drogados!" , pobre mãe carinhosa e ignorante, que mal sabe que já na preparatória a havia. Deixemo-la sonhar.
O mundo não pode ser construído sobre pragmatismos, ou acaba. O dogma de uma Filosofia de 11º ano, gasta e ridicula, apenas torna o mundo mais insuportável. Bom para quatro ou cinco, cabeças de ferro que se enquadram nos padrões de antiguidade e conservadorismo com que cresceram e foram educados e para mais ninguem.
O mundo tem de ser construído sobre a idealogia de que não somos todos iguais, não somos todos bonitos, não somos todos inteligentes e brilhantes, não somos todos prespicazes... E não são? Façam por isso. Trabalhem por isso. E por isso serão mais altos, e maiores tambem.
Não tão altos como eu. Mas a minha perfeição não tem limites.

"ui que a rê não escreveu sobre marotices." ...
Chamem a policia, já tenho saudades.

sábado, 8 de maio de 2010

(In)Suportável

Um manual rápido e instrutivo para a compreensao da mente de renata alves.

Nao suporto ideias pré concebidas. Nao suporto ser recordada. Nao suporto ser venerada, muito menos adorada. Nao suporto ser abordada. Nao suporto ser amada. Nao suporto nao amar. Nao me faz sentir mais ou menos vazia. Faz me sentir desintegrada do mundo convencional. Do que é suposto pensar. Do que é suposto fazer. Do que é suporto amar. De como é suposto amar.
Toda a memória alheia traz recordações do que ouviram dizer da minha pessoa. se é que me posso considerar tal coisa. Considero-me uma essencia deambulante, que tenta respirar o máximo de ar puro possivel, sem se contagiar com as vozes, com os barulhos, com as luzes incandescentes vindas do mundo. Nao suporto a luz indesejada. Nao suporto demasiada clarividencia.
Nao suporto escrever de luzes acesas. Fazem me encarar a claridade. A mais puta das percepçoes humanas. A solidão da escrita faz me perceber o porquê de ser, em tom de cliché de novela, como realmente sou.
Nao suporto pressoes próprias e alheias. Nao consigo olhar á volta e ver pressoes de qualquer natureza. E muito menos no campo do conforto, do amor e da imprevisibilidade e naturalidade com que tudo deve acontecer. Nao suporto análises das coisas. Nao suporto falar sobre as coisas. Nao suporto que me venham falar sobre as coisas. As coisas nao existem. Sao ideias pre concebidas. Apenas ideias pre concebidas. É a auto estima que decresce e decresce, até fazer com que cada ser, pense que nao é amado, nao é abordado, nao é recordado, por nao ser mencionado a cada segundo.
Nao faz parte da minha natureza.( Nao me pressiones por favor. ) Nao me digam como reagir perante a imprevisibilidade do meu puro ser. Puro de intençoes, mas ainda assim, sagrado, inelutável e inoxeravel ser.
Nao suporto perguntas com "Quandos?", "Ondes?", "Porquês?" e "Com quens?". Ninguém deve saber de outrém mais do que lhes é confessado em conversas a dois. Tudo o que provém de fora, é pecaminoso .É invejoso e provém de uma ira criminosa de nao saberem quem sao realmente. Nao suporto relaçoes em que nao posso fluir. Nao suporto gente vil, que pensa que toda a natureza humana, é construida sobre a mesma forma de pensar, sobre a mesma forma de agir. Sao estas as pessoas que, com a pura sorte macabra do destino, dão em grandes amores para a eternidade. Pela imprevisibilidade do momento, pelo amor incondicional e sem interrogaçoes de mortais a interromper o caminho rupestre, e sem justificaçoes continuas de tudo o que se passa á volta no mundo. Sao essencias compativeis deambulantes, que vivem respirando, existindo, cumprindo os sonhos, e mesmo de dentro do rebanho, brilham no escuro imposto pelos outros. Gesticulam. Nao usam palavras vãs, apenas prosa lírica. Ignoram as cores e são belos por serem únicos e felizes.
Acreditem nas minhas palavras - sou incrivelmente sábia, nos meus intervalos de escuridão imposta, em que apenas o monitor me indica o caminho.


Respirem fundo.
O mundo flui por si só.

sábado, 1 de maio de 2010

Agridoce

O tempo não pára.
Deve ser este o determinante mais cabrão da existencia humana. Ou o mais são. Oferece-nos a nascença, a idade e com esta a maioridade para que possamos fazer dela o que mais ninguém faria, o que mais ninguem diria, o que mais ninguém pensaria. Pela adrenalina, pelo êxtase de já não existir a dependência, pela invencibilidade de sermos quem somos. (sorrio e troço de mim mesma enquanto digo estas palavras)
Leiam bem o que vos sussuro ao ouvido como uma amiga do mundo que me considero:

A dependência é uma ilusão. A independência é uma ilusão. Não existem as mesmas ideias que tinha nos meus recentes 18. Os 18 são a maior ilusão de todas. Custa-me a acreditar na minha prévia e pura ingenuidade. Gosto de olhar á minha volta e ver todos os restantes iludidos. Não lhes digo que é tudo um sonho. Se foi bom para mim, porque não poderá ser para eles?
Vi um anúncio da sumol no metro. Dizia "um dia vais achar que sair á noite é ir por o lixo á rua". Eu acho. As minhas noites alongaram-se. Agora a minha noite é o meu dia. Sempre. Não tenho horas para ser descontrolada, leviana e invencivel, como a Lua nos faz querer acreditar que nos tornamos. O meu dia é todo ele imprevisivel, apaixonado e muitas vezes, consciente e controlado. Já nada me surpreende. É muito raro algo me surpreender. Normalmente , sou eu quem costumo surpreender. Sou boa nisso. Sou boa em quase tudo o que gosto de fazer. Sou boa. Ponto final. Digo isto, calma e radioheadamente. Que é como quem diz, no calor da tarde, de televisao ligada, phones e uma manta. Está calor lá fora. Tenho uma manta na pernas e estou de pernas cruzadas. O conforto existe em todas as estações do ano.
Quarta-feira ,19.
Era um Peugeot e uma vodka.
Gosto da vida agridoce.
Pode ser pura ou com sabores.

Foi e será sempre um prazer.