quinta-feira, 24 de setembro de 2009

If today was your last day...


( Excerto de um texto de 300 páginas )

(...) Passo ali a manhã.
Há anos que não tinha uma manhã.
Sabem bem.
Mas dão sono.
Tenho fome outra vez.
Vou passar no Bairro.
Ele deve lá estar.
Toco e ele não atende.
Saiu, queres ver.
"Já vou!", diz a voz do outro lado da porta.
"Dasse" penso eu, "uma gaja aqui sinceramente tipo não acho normaaaaaaaa. ... "
Abre me a porta.
Acabou de sair do banho.
Ok.
Estás perdoado.
Atiro o contra uma porta e pressinto que o sofá está com frio, tiro lhe a toalha com uma mão que consegui libertar e tapo-o.
Sempre fui pró-mobiliário.
Há direitos que têm de ser defendidos.
Asseguro me que está tudo bem, com a minha telepatia fantástica.
Os outros sentidos estão todos ocupados.
Ele arranca me os calções com os dentes, tira me a blusa antes de pisar o tapete da entrada e de repente estou com a minha lingerie preta preferida e as minhas meias de vidro.
(Não sou parva nenhuma, tirei logo os ténis para dar logo uma visão mais aprofundada da cena meu amigos...).
Ao colo dele e contra uma parede, percorre me o corpo com o que parece ser um par de pernas e meia, 10 pares de mãos e 17 línguas.
Mas sabe bem.
"Já me sabes de cor".
Ele chama me deficiente.
E eu empurro o contra a parede oposta e procuro vingança.
Devia de ir para a Marvel... Uma história como esta... Obtenho -a.
Pumbas.
Deves pensar.
Entra por mim sem tocar e não chegamos ao quarto.
De pé numas escadas mortais em caracol.
Ora aqui está um ambiente diferente.
Chegamos ao quarto.
Round 2 ladies and gentlemans.
Condom? Ladies, amanhã já não estou cá.
Liberdade para todos filhos da puta!
Mas não quero dizer que não os haja.
Às vezes apetece me chupar qualquer coisa.
Diz que faz bem á tensão e não quero que a minha mãe se chateie com a minha saúde. Obedeço-lhe portanto.
Ele diz que me ama.
Já estava á espera.
3 Horas de tanta coisa boa só podiam resultar em merda.
Agarro nos calções, nos ténis, na blusa e na mala, passo lhe na cozinha roubo um tupperware que ele lá tinha de cozido á portuguesa, agarro num garfo e fujo.
"And now ladies and gentlemen, i give you, a tipical Renata Alves escape!"
Obrigada, obrigada! (...)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Subway Sin



Era uma vez uma fantasia que de repente saltou do pensamento, fugiu do papel e se tornou real. Vou contar-vos como tudo aconteceu.
O mp3 ligava se quase sempre instintivamente e quase sempre sem ajuda humana entrava num qualquer transe electrónico que ela tanto amava. E normalmente, este e nao os seus reais desejos a guiavam pela cidade.
Dirigiu-a este grande malandro então para o metro em hora de ponta.
Proxima paragem: Marques de Pombal.
Nada como uma intersecçao de cores distintivamente separadas por linhas, para toda a cidade se reunir nestas. E era o caso. Ouvia o seu destino pela voz de uma senhora que já era senhora quando era menina e algo lhe dizia que continuaria senhora até morrer. Mesmo depois da rapariga velha perecer. Esta avisava assim a chegada do velho amigo bicho subterraneo, condutor de almas perdidas de transporte proprio.
Chamavam-lhe hora de ponta. Em breve se aperceberia tambem disso.
Toda a cidade que parecia estar na estação á espera de um fumo inalcançável da chegada, tinha-lhe agora roubado o lugar dentro de tal carruagem. Percorria-as em segundos que contavam como minutos que tinha para inspeccionar minuciosamente o conteudo de cada.
A devoradora nunca parava a estupida caça. Como todos sabiam.
Entrou numa aleatoria. A furia de uma tarde passada, encontrava se com a pressa do presente . De portas quase fechadas, ve uma mao a dividi-las e a desejar lhe a entrada, por prazer. Agradecia sem ver rostos e tambem agora sem maos e entrava de uma forma que todo o seu corpo entrasse.
A sua pele ficava presa e com a ajuda dessa mesma mão foi solta e liberta no mundo selvagem. De costas e sem outra alternativa, agradeceu. No meio de um transe electronico, onde um obrigada por muito bem ter soado a um OBRIGADAAAA!!!!!!
Encostada agora pelas curvas natas do bicho subterraneo, via se agora encostada ao seu hand man . Sentia lhe a respiraçao propositada na nuca, junto ás costas. Os poros erguiam-se mas calmamente os tentavam deseriçar com o pensamento.
"Que vergonha"
Sentia lhe a beleza de costas.
"Que injustiça" .
Ele conseguia ver uma das suas faces, enquanto ela apenas o sentia. Deixou-se ficar naquela posiçao. Deixou-se ficar mais um pouco. Passou a sua paragem e continuou. Sentiu lhe um esgar de contentamento misturado com uma respiraçao ofegante.
Ardia.
Tinha a sensaçao que tinha suado mais nos ultimos 2 minutos que num dia intenso de voltas, reviravoltas, contravoltas e contraidas tambem.
Na estaçao terminal sentiu lhe uma mao a cobrir lhe a cintura e a querÊ-la mais perto de si, agora que a fluencia do metro e a subita paragem havia acontecido.
Abriu a sua bolsa, tirou de la uma caneta. Com a sua mao esquerda, tirou lhe a direita da certa e deixou lhe uma data e um local.
Sublinhou e saiu do metro.
Nunca olhou para trás.
(...)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ás vezes, uma beca de paz.

Ás vezes pergunto - me se não será muito mais interessante ser porco, desinteressante e bardajão e nao julgar o que não se conhece, ou que se conhece pelas palavras do desconhecido que nos desconhece e por isso desconhecerá o melhor para nós, do que simplesmente odiar aquela que parece assentar em tudo o que é incorrecto para todos e beca beca.

Ás vezes penso que teria imenso jeito para trabalhar num supermercado. Sou especialista em rotular e ninguem me faz o contrário, pelo menos nocivamente e beca beca.

Ás vezes, concluo que o melhor é abrir os olhos e apercebermo-nos por nós mesmos, seja fascinio dos outros e realidades dos próprios ou nao, como o mundo gira por si só, e esquecer toda a palavra que com uma moral mais pequena que uma insignificante bactéria se acha no direito de julgar.

Ás vezes, gosto de meditar. Outras vezes, acordo e penso que o mundo está bem como está e o simples ar que me envolve dá me vontade de respirá-lo.
Ás vezes, ...

Gastam-se-me as palavras.


Outras vezes,
Gastam - se -me as desculpas.
E beca beca beca beca....

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A rapariga que comia Chiquillins



Conheço uma rapariga que desejou estar no centro do palco e com uma luz bem presente também no meio de tudo o que era, ser apresentada.
Que falassem dela como se a tivessem conhecido durante mais de 50 anos, e mesmo assim apenas tivessem conseguido captar as capacidades inatas, os desejos inerentes e os universos que a constituíam. Para ela chegava. Para ela chegava a sobrar.
O realmente importante, era não ser conotada por uma imagem de dúvidas, em que a excentricidade chegava quase sempre a vencer a essência e onde a persuasão do espírito era sempre vencida por uma constituída e verdadeira forma de viver a luxuria do corpo.
Afinal, para todos os transeuntes de uma rua, uma puta não sabe falar para além do broche, do em pé ou deitada, do com tudo incluído ou o só por trás. Onde o imundo suplanta o brilhante e onde o aparente reage perante o real e o torna irrelevante.
Essa minha conhecida, apenas gosta de fazer crer, que o pecado não é nocivo. O pecado é um dogma moral de uma sociedade que aprendeu dentro da sua bolha actimel coberta de El Caseis Imunitasses, a baixar a cabeça e a obedecer a um manual religioso. O pecado tem de ser vivido e desfrutado, tem de ser amado intensamente e tem de ser respeitado. Mas antes de mais, tem de fazer respeitar a moralidade do espírito.

Hoje tomei café com ela.

Estava mais calma e serena que nunca. Nunca a tinha visto respirar fundo, mais do que duas vezes. Atenuou a intensidade do extremismo que a reagia e aprendeu a ponderar. Perguntei lhe o que correu mal no pecado vivido sem cessar. Respondeu-me que o mais difícil, quando o desejo existe, é não ultrapassar o limite imposto. Perguntei lhe novamente, (com um ar um tanto impertinente de interrogatório), se alguma vez chegara a ter limites.
Riu-se de mim. Disse me que todos temos limites. E aqueles que não os admitem ter, são simplesmente aqueles que de ideais vincados, insistem que não se adaptam à divergência e permanecem erectos perante a adversidade. Era apenas um moderar de pontos negativos que contrastassem com a sociedade, como que a apresentar o choque dos positivos perante o real.
Pediu me que não a levassem a mal. O narcisismo persistia e acho que até ganhara uma nova vida. Mas este aprendera a meditar. Até aqueles que vivem sozinhos, têm de conseguir viver consigo mesmos. As lições continuam a ser as mesmas. Hão-de continuar com o tempo.
Por enquanto, a energia permanece pura. Sem vinganças, mal dizeres, traiçoes, sujidade e pesos desnecessários.

Que a desilusão nao se torne parte integrante dela.
Mas hoje, enquanto comia as suas Chiquillins de sempre, disse me que se tinha apercebido que a unica forma de percepcionar a importancia dos que amava, era perdendo-os.
Achei triste.




(finalmente saboreei o gosto de ser fodido por mim
Sabe a vodka. )