terça-feira, 13 de abril de 2010

Lembra te de mim

Abri a mão e fugiste sem que me desses tempo de te voltar a apanhar. Os espaços entre os dedos tornaram-se grandes e depois imensos até que era inevitável fugires me por entre os dedos. Restava-me chorar. Se o fiz? Não me tomes por uma qualquer. Não choro por fatalidades. Não tenho culpa do espaço entre os meus dedos e nao tenho culpa que o destino te quisesse tirar dos meus dedos, e das minhas mãos e dos meus braços, ate que o meu corpo te desconhecia apos cada beijo, cada palavra e toda a minha essencia desconhecia o que foi um dia teu. Nao derramo lagrimas por saudades inevitaveis. Com espaços abertos entre as maos, uni os devagar e depois fechei a mao e tornei a num punho. Converti a saudade, "os porquês?", a incompreensao de tudo pela luta diaria de combater com uma raiva que nao escolhi ter, mas que me mostrava o caminho mais facil para a libertaçao de uma essencia positiva dentro de mim, ainda que revoltada. O rancor era um apelido demasiado poderoso para o meu feminino e delicado nome. Mas em que havia eu de o converter? Se tudo o que tinha era um punho fechado, a energia pronta a usá lo e um sorriso falso e gasto pela convençao de o usar para justificar o meu quotidiano. O espelho recusava se a mostrar a imagem de alguem tao magoado por uma saudade incontrolada pelo desejo e deixou de reflectir a existencia. Em que havia eu de o converter? EM QUE HAVIA EU DE O CONVERTER? Num dia de chuva, sentei me na na berma da calçada e pensei na resoluçao de um dia inacabavel de meses e anos. Devagar senti a força do punho transformar se num formigueiro. Sentia novamente as extremidades da mao, a dormencia na ponta dos dedos. Deixei a abri se devagar. Na palma tres palavras se mostravam borradas pelo suor de dias , mas legiveis completavam assim uma pagina de uma nova vida. "Lembra-te de mim"

Mas quem manda aqui sou eu.
Decidi esquecer te.
O que foi um prazer, deixou á muito de ser.



(to ana tome.)