quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Subway Sin



Era uma vez uma fantasia que de repente saltou do pensamento, fugiu do papel e se tornou real. Vou contar-vos como tudo aconteceu.
O mp3 ligava se quase sempre instintivamente e quase sempre sem ajuda humana entrava num qualquer transe electrónico que ela tanto amava. E normalmente, este e nao os seus reais desejos a guiavam pela cidade.
Dirigiu-a este grande malandro então para o metro em hora de ponta.
Proxima paragem: Marques de Pombal.
Nada como uma intersecçao de cores distintivamente separadas por linhas, para toda a cidade se reunir nestas. E era o caso. Ouvia o seu destino pela voz de uma senhora que já era senhora quando era menina e algo lhe dizia que continuaria senhora até morrer. Mesmo depois da rapariga velha perecer. Esta avisava assim a chegada do velho amigo bicho subterraneo, condutor de almas perdidas de transporte proprio.
Chamavam-lhe hora de ponta. Em breve se aperceberia tambem disso.
Toda a cidade que parecia estar na estação á espera de um fumo inalcançável da chegada, tinha-lhe agora roubado o lugar dentro de tal carruagem. Percorria-as em segundos que contavam como minutos que tinha para inspeccionar minuciosamente o conteudo de cada.
A devoradora nunca parava a estupida caça. Como todos sabiam.
Entrou numa aleatoria. A furia de uma tarde passada, encontrava se com a pressa do presente . De portas quase fechadas, ve uma mao a dividi-las e a desejar lhe a entrada, por prazer. Agradecia sem ver rostos e tambem agora sem maos e entrava de uma forma que todo o seu corpo entrasse.
A sua pele ficava presa e com a ajuda dessa mesma mão foi solta e liberta no mundo selvagem. De costas e sem outra alternativa, agradeceu. No meio de um transe electronico, onde um obrigada por muito bem ter soado a um OBRIGADAAAA!!!!!!
Encostada agora pelas curvas natas do bicho subterraneo, via se agora encostada ao seu hand man . Sentia lhe a respiraçao propositada na nuca, junto ás costas. Os poros erguiam-se mas calmamente os tentavam deseriçar com o pensamento.
"Que vergonha"
Sentia lhe a beleza de costas.
"Que injustiça" .
Ele conseguia ver uma das suas faces, enquanto ela apenas o sentia. Deixou-se ficar naquela posiçao. Deixou-se ficar mais um pouco. Passou a sua paragem e continuou. Sentiu lhe um esgar de contentamento misturado com uma respiraçao ofegante.
Ardia.
Tinha a sensaçao que tinha suado mais nos ultimos 2 minutos que num dia intenso de voltas, reviravoltas, contravoltas e contraidas tambem.
Na estaçao terminal sentiu lhe uma mao a cobrir lhe a cintura e a querÊ-la mais perto de si, agora que a fluencia do metro e a subita paragem havia acontecido.
Abriu a sua bolsa, tirou de la uma caneta. Com a sua mao esquerda, tirou lhe a direita da certa e deixou lhe uma data e um local.
Sublinhou e saiu do metro.
Nunca olhou para trás.
(...)