sábado, 1 de maio de 2010

Agridoce

O tempo não pára.
Deve ser este o determinante mais cabrão da existencia humana. Ou o mais são. Oferece-nos a nascença, a idade e com esta a maioridade para que possamos fazer dela o que mais ninguém faria, o que mais ninguem diria, o que mais ninguém pensaria. Pela adrenalina, pelo êxtase de já não existir a dependência, pela invencibilidade de sermos quem somos. (sorrio e troço de mim mesma enquanto digo estas palavras)
Leiam bem o que vos sussuro ao ouvido como uma amiga do mundo que me considero:

A dependência é uma ilusão. A independência é uma ilusão. Não existem as mesmas ideias que tinha nos meus recentes 18. Os 18 são a maior ilusão de todas. Custa-me a acreditar na minha prévia e pura ingenuidade. Gosto de olhar á minha volta e ver todos os restantes iludidos. Não lhes digo que é tudo um sonho. Se foi bom para mim, porque não poderá ser para eles?
Vi um anúncio da sumol no metro. Dizia "um dia vais achar que sair á noite é ir por o lixo á rua". Eu acho. As minhas noites alongaram-se. Agora a minha noite é o meu dia. Sempre. Não tenho horas para ser descontrolada, leviana e invencivel, como a Lua nos faz querer acreditar que nos tornamos. O meu dia é todo ele imprevisivel, apaixonado e muitas vezes, consciente e controlado. Já nada me surpreende. É muito raro algo me surpreender. Normalmente , sou eu quem costumo surpreender. Sou boa nisso. Sou boa em quase tudo o que gosto de fazer. Sou boa. Ponto final. Digo isto, calma e radioheadamente. Que é como quem diz, no calor da tarde, de televisao ligada, phones e uma manta. Está calor lá fora. Tenho uma manta na pernas e estou de pernas cruzadas. O conforto existe em todas as estações do ano.
Quarta-feira ,19.
Era um Peugeot e uma vodka.
Gosto da vida agridoce.
Pode ser pura ou com sabores.

Foi e será sempre um prazer.