sexta-feira, 26 de março de 2010

An then, there was a broken doll.


Estou exausta.
Cansada, fatigada, esgotada e vazia. E no entanto, dizem-me existir ainda uma força que eu desconheço mas que cabra como sempre, insiste em transparecer e tornar-me mais do que tenho. Mais do que sou, mais do que consigo ser. A cabeça no palco baixa-se involuntariamente, e ouve-se o cansaço sair pela boca, ofegante. Pinto os traços de uma boneca partida no rosto, e dizem-me não se ver do público. Penso. Porque se veriam então as lágrimas ? Se pareço forte, tornei me forte sozinha.
Não me falem de exemplos, de modelos, de figuras parentais como os lindos black and white movies nos querem fazer parecer que tudo funciona. Aprendi sozinha. Não confiar. Exigir de mim. Cagar na humanidade e aproveitar-me dela para todos os caprichos. Serei então uma máquina, feita, criada para continuar? Não me interpretem mal. Quando escrevo sou eu. Quando no escuro da minha cama, desacompanhada, abro os olhos e oiço os sons do meu precioso mp3 mais altos que os berros e as criticas que vêm da sala de estar, sou eu. Quando me faço ver com os outros, quando sorrio, quando existo fora de casa, sou outra pessoa. Sou a pessoa sempre enérgica, sou a fonte de juventude, aquela a quem todos podem criticar, mas que no fundo pensam, "Como é que eu poderia ter uma ponta de coragem e espontaneidade dela?". Não há segredos. É esse o segredo. Quando apetece, tem de ser feito. Tem de ser feito. Não há citação, teoria, ideologia que trave o desejo. E se houver, deixam-na em casa. É aí que devem , SEMPRE, residir as lágrimas. É aí que descobrimos, após um espectáculo de dança, que a pessoa mais importante da tua vida, foi atropelada. É aí que choras e perguntas Porquê? E repetes até que alguém te ligue e digas que está tudo bem. É aí que és verdadeira. E não permites que o espelho te veja de cara molhada, de traços de boneca borrados, para que o reflexo não se vicie na dor. Para ele és e sempre serás, a boneca partida (de costas, coração e esperança ) que sabe levantar o queixo e sorrir mais alto que os outros. E que te encosta contra uma parede e sem qualquer medo te chama dela, se assim lhe apetecer.
Os sentimentos bonitos e profundos já cheiraram menos a hipocrisia.
Hoje tresandam e fazem me recuar.
De todos os meus pecados, não vivo com a inveja.
I can't get no satisfaction.


Um beijo nos que merecem.