Se a noite fosse construída de sonhos, os meus seriam
construídos de mais noites. A funcionalidade surge pura e exclusivamente da
calmaria, da noção de que o silêncio interior, produz, acima de tudo, a
constante divergência ao racional que o perturba e destrói, acusando a
normalidade de já não ser uma realidade credível e desejável.
Pena. A normalidade nunca atrai a quem mais a deseja, seja
pelos bons motivos do costume ou simplesmente por novos motivos que a vida
lança como desafios escandalosos e ultrajantemente, inconcretizáveis.
A minha realidade, é puramente também credível e desejável
pelos olhos de quem espia atentamente, a pobre, solitária, orgulhosa e
respeitável, cara cujas feições se tornam todos os dias mais maduros e todos os
dias mais constantemente reconhecidos. Por momentos, paralisados pelos
sentimentos obscuros da paisagem romântica, de roçares delicados em almofadas
reconfortantemente, capazes de capar a consciência e a estrada.
E quem retira a estrada a uma essência constantemente
deambulante, no paraíso constantemente também construído, merece ser esquecido.
Mas na verdade, haja a constatação de que para o atento e respeitável
espectador desta estrada, pensará ele ser de ele próprio – e somente dele
próprio – a referência ilusória de culpa.
Não é.
A culpa é própria, a máscara abandonada no soalho frio e o
queixo erguido com o vento do fim da noite. O que o tempo não destrói nas
feições dessa cara, não venha qualquer individuo retirar. A beleza de um queixo
erguido, é algo que ultrapassa qualquer produção fotográfica, paisagem verde ou
recém-nascido. É leve.
O que escondido nunca foi, abertamente nunca existiu. Secretamente
nunca foi sentido, mas convencido através de dias e anos de comportamentos
condicionantes a tal situação. E o que é declamado, e honrado pelo orgulho e
pela concretização de uma vida de trilhos, é a existência. É a verdade e a
essência. Uma alcunha não é mais que isso mesmo. Mas a essência é muito mais
que isso. É um príncipio, uma filosofia e uma ordem de trabalhos, até á
eternidade da consciência.
Honey, you're familiar, like my mirror years ago.
É sempre um prazer,