Grita então por ti, e só por ti.
E levanta te como eles se levantam nos filmes.
E chora como eles tentam chorar no palco.
Mas nao podem. Por nao serem reais. Mas sombras do espectaculo.
E cai e aleija te, e levanta te outra vez como nos filmes.
Mas cai sempre, e aleija te sempre, como nas guerras.
Como nos tumultos em que as feridas apenas aleijam aqueles que as provocam. Mas nao o sabem.
E grita novamente, mas so para penar o sangue que corre.
E pela cidade ouvirás gritos, e ouvirás tombos e lágrimas.
Pelo mundo apenas ouviremos gritos.
E lágrimas em tom de eterno terramoto.
Como nas guerras.
Onde as intençoes sao sinceras, pois sao crueis.
Levanta te no palco, chora por ti e grita como nos filmes.
Mas vive acompanhado. E sobrevive sozinho.
E grita o teu nome alto, como um mantra incrustado, sem chorar e sem cair. Sem a percepçao que afinal, és tudo. E o tudo pesa mais que o nada. Pois o tudo, recua te para o vazio. E o nada, mostra te a imensidão inexplorada.
Cai agora.
Aleija te.
Eu estou aqui.