(ela sai de um quarto, ele saia de outro. Frente a frente, sem coincidencias aparentes.)
- Fazes-me um favor?
Chega mais perto.
- Assim?
- Mais um pouco.
- Está melhor?
- Ainda usas o meu perfume.
- Nao sei sequer cheirar outro odor.
- Queres que te ensine?
- Nao. Gosto apenas de te cheirar.
(Ela aproximava-se do seu ouvido com a percepção que de certeza ainda estaria quente. )
- Faz-me um favor.
- Faço-te dois.
- Deixa-me para sempre.
- Nunca te agarrei.
- Nunca me deixaste. Fizeste questão que as tuas correntes, fossem invisiveis ao olhar.
- Achas- me irresistivel?
- Acho-te igual a mim.
- Achas-nos dependentes?
- Acho- nos resistentes. Sobretudo á tentação. Mas o desejo corrói o pensamento.
- Pensas muito no que fazes?
- Penso apenas no que não consigo fazer.
- Comigo fazes o que quiseres.
- Contigo fantasio. E deixo o concreto ser um sonho. Pelo medo.
- Nunca tiveste medo de nada.
- Mas tu não és o nada. Tu és tudo. Porque és como eu.
- Sou tudo para ti?
- És tudo para ti. Tal como eu o sou para mim. Para mim és uma cama quente e o desejo saciado.
- Ja te sei de cor.
- É reciproco.
- Completamente excruciante.
- Completamente monótono.
- E no entanto...
- É tempo de parar.
- Concordo.
- Pára comigo.
- Ok diz me quando.
- Está quase.
Quase... quase.
- Espera por mim.
- Eu estou aqui.
- Apenas te amo quando és meu.
- Apenas te odeio quando não sou teu.
- Obrigada.
- Até daqui a uns meses.
- Sabes bem.
- Qualquer dia deixo de saber.
- Promessas, promessas, ...
Cada vez menos,